terça-feira, 1 de novembro de 2016

Solidão: uma companhia

Quando eu me separei do meu ex-marido, vivi o momento mais doloroso de minha vida até hoje. Por todos os motivos que não cabem aqui e agora, eu vivia por ele, e quando ele me deixou, eu senti como se uma parte de mim houvesse morrido. 
Foram meses e meses tentando digerir a situação, entendê-la, superá-la. Até hoje dói muito, mas foi durante esse tempo que eu cresci. Eu convivi com uma solidão mortal dentro do peito. Era difícil até levantar da cama pra trabalhar. Então, eu resolvi que precisava encarar toda aquela dor, revê-lo, lavar a roupa suja e ficar só. Lá fui eu. Foi muita loucura rever tudo o que eu havia deixado pra trás havia um ano. Ele não me quis mais. Eu vi que, embora o amasse, não conseguiria novamente viver aquela vida, pois aquele momento só foi possível porque eu cria no amor, na união, na força de duas pessoas, porém, meu castelo de ilusões caiu por terra... eu via nele o que tinha dentro de mim, não dentro dele.
Tentei recuperar um pouco da sanidade, fui respirar longe dele, voei pra Turquia. Lá, eu me reencontrei. Talvez por isso eu ame tanto a Turquia. Foi lá que eu renasci. Sozinha, completamente sozinha, eu cheguei naquele país que parecia me acolher. Como quem cuida de alguém ferido, ela me envolveu com cuidado, ofereceu-me tudo que tinha de melhor. Enxugou minha lágrimas, aqueceu meu coração, que lá chegou frio e triste, e me mostrou que ninguém no mundo inteiro poderia ser melhor companhia do eu mesma. Ninguém, em todo o universo, poderia me amar mais do que eu mesma. Hoje a solidão é minha companheira. Eu preciso dela para me visitar, organizar o que tem dentro de mim, limpar o que está ruim, cuidar do que pode florescer.
Eu não me envergonho de minha história, da minha dor (que vai e volta), das minhas saudades, de minhas frustrações: sem elas, eu jamais me encontraria. Elas fazem parte de mim e sempre estarão comigo, mesmo quando eu não as quero por perto.
Hoje eu enxergo o mundo de outra forma... às vezes melhor, às vezes um pouco cinza, mas eu sobrevivi aos dias mais duros... aqueles que eu pensei que jamais passariam. Eles me visitam também e eu não lhes nego companhia, pois sei que eles também fazem parte de mim.
Hoje eu aprendi que para ser feliz é necessário aprender a viver só. Eu aprendi e acho que está chegando a hora de eu me abrir para encontrar quem queira fazer parte do mundo imenso que sou eu.
<3

2 comentários:

  1. Volta a escrever Daniiii que texto perfeito! Vc realmente encanta com as palavras!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Lolla! Fico feliz por isso <3 Quero voltar sim, vou tentar :) Beijo

      Excluir

Dê sua opinião :)