quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Sobre amar quem não nos ama mais (23/08/2015)

O que fazer quando se ama alguém que já não quer mais estar ao seu lado?

O que fazer quando o tempo passa mas o amor permanece intacto... quando nem as mágoas, nem a tristeza, nem a distância alteram esse sentimento? Quando as lembranças permanecem de tal forma que parece estar tudo a espera da volta do outro, que já não pensa mais em você, que não quer e não vai mais voltar.

O que fazer quando a dor é tanta que o paralisa, que não o permite seguir em frente, mesmo quando você se esforça pra que isso aconteça? O que fazer quando se torna essas lembranças algo proibido, mas não se consegue tirá-las da sua vida... quando esconder as fotos não é o suficiente para apagar seu rosto das minhas memórias, dos meus sonhos, que, aliás, acontecem sem permissão e me atormentam com o som de sua voz, com os beijos e promessas que se desfazem ao despertar. O que fazer quando eu sinto que estou vivendo um pesadelo  e que quando eu acordar ele vai estar ao meu lado, dizendo que nunca vai me deixar... 

O que fazer quando, mesmo lutando contra tudo isso, não há resultado nenhum, pois você continua sentindo aquela ausência tão dolorosa. Quando todas as lágrimas não são suficientes para "limpar" o coração atormentado. Quando, na busca desesperada pelo esquecimento, perco-me em loucuras... e então, volto a buscar você dentro de mim, nos objetos e pessoas que ainda estão de certa forma ao meu redor.

O que fazer quando nenhum argumento lógico vence a saudade da sua presença, mesmo que ausente, ao meu lado. O que fazer quando você conclui que tudo já havia acabado e mesmo assim desejar o pouco que eu tinha ao seu lado? Sim, eu quis o mundo, mas eu fui feliz com o pouco que você me oferecia. O que fazer quando se conclui que mesmo estando triste, eu estava mais feliz só porque eu tinha você.

O que dói é que por confiar tanto em seu amor, eu ainda não consegui acreditar que acabou... e quando não se acredita no fim, é como se ele ainda não tivesse ocorrido.

Desde que eu o conheci, vivo como se estivesse num sonho... ou num pesadelo. Hoje, quando penso em você, me pergunto se foi mesmo real... quando eu acordava e o via ao meu lado, também me perguntava se  aquilo era um sonho. Quando acordei sem você, a milhas de distância, desejei que fosse apenas um pesadelo... e ainda sinto isso. O que fazer?

Eu não sei.

Eu não sei.

Eu não sei.

...

Uma carta ao meu amor

Amor,
Eu sei que não deveria lhe chamar assim, mas é a força do hábito. 
Estou com saudade. Saudade do seu cheiro, do seu abraço, do beijo antes do trabalho,do abraço na porta, quando você retornava. Eu sinto falta de cruzar minhas pernas nas suas antes dormir, de me encostar em suas costas, de vê-lo acordar descabelado, de preparar seu chá ou chá com leite, de fazer sua comida preferida... Eu sinto tanto a sua falta. Dói demais viver longe de você, Amor. 
Você lembra de nós? Você sente saudade de mim? Você nunca pensou em voltar atrás? Nunca pensou em chutar tudo e tentar novamente? Você não me ama? Por que você me olhava pelo retrovisor de seu carro da última vez que nos vimos? Por que você não se despediu de mim novamente? Por que você me abraçou no mercado e falou em meu ouvido? Você, assim como eu, estava matando as saudades de nós dois? Aquela nossa "telepatia" acabou? Será que você sente quando sonho com você? Ou quando choro de saudade? Ou quando do nada você vem em minha lembrança, não importa a hora ou o que eu esteja fazendo? Você pensa em mim?
Eu tenho tantas perguntas que jamais serão respondidas... Você sabe o quanto eu te amo. Você não acreditou que isso duraria para sempre e me deixou. Eu sofri, mas eu jamais o deixaria. Você continua aqui. Eu só queria estar aí, aonde quer que fosse, desde que fosse ao seu lado. Mas eu sei que você não volta atrás. 
Eu sei que você me acha sonhadora e dramática demais, mas talvez porque você não tenha a dimensão do que eu sinto. A vida ficou difícil pra mim. Não tenho refúgio contra minha dor e saudade. Não há nada ou lugar algum que me faça esquecê-lo. Eu juro que eu tentei e tento todos os dias esquecer você, mas é em vão...
Eu te amo. 




Notícias suas

Há anos tenho tentado me reencontrar. Embora eu tenha tido um progresso imenso, algo muito mais forte do que minha razão insiste em me arrastar para o passado.

Ontem eu tive notícias de você. Soube que está realizando aquilo que eu lhe pedi que fizesse. Aquilo que não passava de um sonho meu, hoje está se tornando realidade. Porém, eu não estou ao seu lado. Eu fiquei feliz por você, mas não pude conter as lágrimas. 
Já se passaram cinco anos desde que nos separamos, no entanto, eu continuo sentindo saudade de você... de nós. Adormeci enquanto chorava, me perguntando o que foi isso na minha vida, por que você não nos deu outra chance.
Sonhei que nos reencontramos. Esse sentimento sempre se repete em meus sonhos. Você me quer, mas não tem coragem, tem medo, tem dúvidas. Não foi diferente dessa vez. Mas, diferente da vida real, eu lhe pedi para ficar comigo. Mas você, sem me dizer nada, demonstrava medo em sua face. Eu sinto seu amor em meus sonhos, mas você sempre vai embora. Eu insisto em manter meus olhos fechados para não perdê-lo de vista, para senti-lo mais um pouco. Mas você se vai e eu acordo triste, vazia, como você me deixou há cinco anos.
Eu tenho vontade de lhe ligar, ouvir sua voz, conversar com você... mas eu sei que você não vai reagir bem a isso. Você foi embora sem olhar pra trás, mas eu insisto. Insisto mesmo que só, longe de sua vista, de sua memória. E mesmo lutando com todas as armas que tinha, eu nada consegui, a não ser me manter longe para não lhe incomodar.
Eu não sei mais o que fazer para lhe esquecer.


terça-feira, 1 de novembro de 2016

Solidão: uma companhia

Quando eu me separei do meu ex-marido, vivi o momento mais doloroso de minha vida até hoje. Por todos os motivos que não cabem aqui e agora, eu vivia por ele, e quando ele me deixou, eu senti como se uma parte de mim houvesse morrido. 
Foram meses e meses tentando digerir a situação, entendê-la, superá-la. Até hoje dói muito, mas foi durante esse tempo que eu cresci. Eu convivi com uma solidão mortal dentro do peito. Era difícil até levantar da cama pra trabalhar. Então, eu resolvi que precisava encarar toda aquela dor, revê-lo, lavar a roupa suja e ficar só. Lá fui eu. Foi muita loucura rever tudo o que eu havia deixado pra trás havia um ano. Ele não me quis mais. Eu vi que, embora o amasse, não conseguiria novamente viver aquela vida, pois aquele momento só foi possível porque eu cria no amor, na união, na força de duas pessoas, porém, meu castelo de ilusões caiu por terra... eu via nele o que tinha dentro de mim, não dentro dele.
Tentei recuperar um pouco da sanidade, fui respirar longe dele, voei pra Turquia. Lá, eu me reencontrei. Talvez por isso eu ame tanto a Turquia. Foi lá que eu renasci. Sozinha, completamente sozinha, eu cheguei naquele país que parecia me acolher. Como quem cuida de alguém ferido, ela me envolveu com cuidado, ofereceu-me tudo que tinha de melhor. Enxugou minha lágrimas, aqueceu meu coração, que lá chegou frio e triste, e me mostrou que ninguém no mundo inteiro poderia ser melhor companhia do eu mesma. Ninguém, em todo o universo, poderia me amar mais do que eu mesma. Hoje a solidão é minha companheira. Eu preciso dela para me visitar, organizar o que tem dentro de mim, limpar o que está ruim, cuidar do que pode florescer.
Eu não me envergonho de minha história, da minha dor (que vai e volta), das minhas saudades, de minhas frustrações: sem elas, eu jamais me encontraria. Elas fazem parte de mim e sempre estarão comigo, mesmo quando eu não as quero por perto.
Hoje eu enxergo o mundo de outra forma... às vezes melhor, às vezes um pouco cinza, mas eu sobrevivi aos dias mais duros... aqueles que eu pensei que jamais passariam. Eles me visitam também e eu não lhes nego companhia, pois sei que eles também fazem parte de mim.
Hoje eu aprendi que para ser feliz é necessário aprender a viver só. Eu aprendi e acho que está chegando a hora de eu me abrir para encontrar quem queira fazer parte do mundo imenso que sou eu.
<3

O que aconteceu conosco? (2016)

Você veio do acaso. Lembro-me quantas noites passamos sonhando com o nosso primeiro encontro, pensando que tínhamos sido contemplados por Deus, que nosso destino fora traçado por Ele.
Tudo parecia insano. Como podia um amor nascer assim, à distância, entre pessoas tão diferentes, que nunca antes se tocaram, não conheciam sequer o perfume um do outro... 
Apesar de tudo estar contra nós, havia algo forte, inexplicável... estávamos tão conectados pelo pensamento que éramos capazes de sentir e agir no mesmo momento, nos surpreender com mensagens enviadas em um exato mesmo instante, rir e nos emocionar... Não era normal, era loucura, mas enchia o coração, nos dava força e coragem para seguir até nosso encontro, nossa união.
Fizemos tudo para estarmos juntos. Nosso primeiro encontro ainda está aqui na minha memória. Cada mensagem trocada antes do seu embarque, o frio na barriga, o medo de você não vir, a coragem pra pedir demissão, comunicar à família sobre minha decisão e esperar você para começar uma vida nova, desconhecida, mas que não me dava medo. 
Hoje eu não reconheço essa menina que vivia de amor, que se guiava por ele, sem medo, sem limites, sem restrições. 
Nos casamos, eu fui pro Egito. Faltou maturidade? Faltou amor? Faltou coragem? O que aconteceu conosco?
Eu não quero acusá-lo, mas eu sinto que lutei sozinha para que ambos pudessem ter uma vida feliz, satisfatória, para que tivéssemos nossas necessidades superadas, mesmo que parcialmente. Mas você caminhava na direção contrária. O que devia predominar era sempre sua vontade, sua necessidade, sua moral, sua cultura. Você não foi capaz de me ouvir desde que nos encontramos pela primeira vez. Tantos mal entendidos, brigas desnecessárias, lágrimas... Mesmo assim, diante de tanta dificuldade, eu lutei, eu não desisti. Eu nunca deixei de amá-lo.
O tempo passou, as brigas aumentaram... eu comecei a recuar, cansada de argumentar em vão. Tentava sufocar meus desejos e sonhos, para estar com você. Não era certo, nem justo... mas quem disse que isso importava naquele momento. Eu precisava de você cada dia mais. Eu dormia abraçada a você e chorava baixinho, com o coração apertado, como se eu soubesse que logo não estaríamos mais juntos.
Eu lutava contra minha essência, mas isso nunca dura. Eu o amava mas não conseguia viver daquela forma: não tinha mais certeza de seu amor, sentia falta de minha liberdade para ir e vir, falar o que pensava, sentir livremente... tudo era motivo para desagradá-lo. 
Eu tentei dar a cartada final, fazê-lo decidir o que queria e assim descobrir se eu estava nessa vida que você desejava ter. Eu arrisquei, você me deixou. Eu sofri, mas nunca me arrependi de minha decisão. Eu precisava resgatar as rédias da minha vida. Eu queria que você estivesse ao meu lado, mas seu orgulho, sua cultura, seu machismo falaram muito mais alto.
Três anos se passaram. Hoje aprendi a viver sem você, mas eu não deixei de amá-lo.



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Um sonho transformado em texto

Esse texto é baseado em um sonho perturbador que tive na semana passada.
A angústia foi tamanha que eu tive que registrar aquilo na mesma hora. Era madrugada, eu não queria esquecer. Então narrei e gravei. Coisa de maluco? Pode ser. Freud explica rs...

***

"Hoje eu sonhei com você. Estava em nossa casa, deitada no sofá da sala, que tinha paredes rosa, um tom escuro, misturado ao branco... os móveis com detalhes dourados.

Eu olhava para os móveis quando eu acordei. A sensação foi a de que havia muito tempo desde a última vez que eu estive naquele lugar. Era como se eu tivesse voltado àquela casa. Eu abri os olhos, como quem acabara de acordar.
Naquela casa só havia solidão. Eu estava sozinha. Eu olhei ao meu redor e só havia solidão. Eu fui tomada por ela, que encheu meu peito. Ao mesmo tempo, eu sentia medo... medo daquela solidão. Ela estava sentada comigo naquelas poltronas vazias que me cercavam.
No meu coração só havia solidão e medo. Eu então senti a sua presença. Eu olhei para o corredor e o vi passando do quarto para o banheiro. Meu coração se encheu ao revê-lo... Havia tanto tempo desde a última vez... Foi como se eu voltasse a ver a vida. Ainda havia medo em meu coração, mas eu senti amor. Eu relembrei esse amor. Porém, eu tive medo de chegar perto de você. 
Eu novamente olhei ao meu redor. Lá só havia solidão, mas ao revê-lo, havia, agora, vida também.
Levantei-me. Eu estava com medo, mas eu me levantei. Eu me aproximei de você. Eu o abracei. A iniciativa foi minha. Você me deu um sorriso meio sem jeito... abraçou-me, entrelaçou seus braços em minha cintura e se encostou na parede. Você estava com uma barba meio rala, aquela que você usava vez ou outra... Eu encostei meu rosto no seu e disse "saudade", uma das poucas palavras que você entendia em português... E você entendeu, naquele dia você entendeu ainda mais o que era saudade, porque você pôde senti-la em mim. 
Quando os seus olhos se cruzavam com os meus, era como se eles pudessem penetrar minha alma. Você podia ver tudo através dos meus olhos. Mas eu via pouco através dos seus. Eu via medo, também vi amor e saudade. Mas você não se abria... apenas se deixou ouvir e abraçar... E eu senti você. O meu corpo, que antes estava envolto por uma triste e gélida solidão, estava agora aquecido pelo seu amor, mas principalmente, pelo meu amor.
Havia medo ali... havia medo, e tristeza, e amor, e saudade... Eu então acordei. Acordei pra realidade. Tudo foi um sonho. Mas eu senti você comigo, mesmo depois de acordada. Você estava aqui. Você sempre esteve aqui... Você sempre foi todo o amor, medo e solidão que eu sentia e ainda sinto. Você está comigo o tempo todo, mesmo que eu não queira, você está aqui... o tempo todo. Quando eu penso que não está mais, você volta através de meus sonhos. Você me visita sempre que eu penso que não está mais aqui. Você não sabe... não sabe o que você representou na minha vida... Agora tudo é lembrança e solidão."


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sobre o fim do meu casamento (09/10/2016)

Casei-me aos 26 anos, em 2012.
Apesar de ter sido de uma forma pouco convencional, era meu casamento, com o amor mais doido e mais forte que senti até hoje. Foi tudo tão rápido, mas tão intenso... Há quem me ache louca, afinal, não foi fácil. As diferenças culturais, a vida nova em todos os aspectos: país, cultura, hábitos... tudo, tudo novo.

Eu vivo em um constante luto desde que meu casamento acabou. Eu o alimentei como pude, dei tudo o que podia e não podia, chorei, superei questões até então inimagináveis para mim... mas eu fiz por ele e por mim, porque, por mais que eu sofresse, eu estava feliz por estar ao lado dele.

Todos os clichês cabem perfeitamente nesse texto... todas as dores, todo o amor.

Ele não sabe desse blog, desse texto... ele não sabe de meus pensamentos, mas ele sabe que ainda está aqui comigo.
Nada apaga de minha memória a última semana que estive em nossa casa, nossa cama... nada apaga a dor que eu senti ao me dar conta de que eu jamais estaria com ele daquela forma, que talvez nunca mais o visse novamente. É minha ferida aberta.

Eu fujo de mim mesma, mas quando eu volto, lá está tudo em seu devido lugar: seu cheiro, a memória de seu abraço, do toque das minhas pernas entrelaçadas nas dele... até do meu choro baixinho, pra não acordá-lo, já pressentindo que aquilo tudo um dia seria só memória.

Eu não tenho mais pra onde ir.

...